HÁ UMA CRIANÇA...

Há uma criança morando em mim
Que nunca cresce
Ela acredita num mundo cor de rosa
Onde o amor ainda prevalece
Sente flores no outono
Colhe sol no inverno

Acredita no perdão
No amor
E na paz
Acredita em amigos verdadeiros
Que se doam por inteiro
Acredita em fadas com varinha de condão
E no poder de tocar o coração

Brinca de faz de conta
E faz de conta que o mundo é puro
E faz de conta que o mundo é bom

Há uma criança morando em mim
Sonhando com azuis
E amarelos
E verde esperança
Ah!...
Ela não se cansa!

Arnalda Rabelo

O RATINHO MUSICAL

Meu quarto é um violino,

a minha rua um piano
junto ao largo do tambor
é que eu moro todo o ano.
Minha escada é uma harpa,
nos pratos da bateria
vou sempre matar a fome,
seja noite ou seja dia.

Para andar de carrossel
eu ponho um disco a girar.
Bato-lhe com a batuta
se um gato me vem caçar.

Para namorar as ratinhas
canto lindos madrigais
e em vez de notas de banco
uso notas musicais.

Luísa Ducla Soares

DOM RATÃO

PARTE I - A CHEGADA

Êle chegou alinhado e bem garboso
com a imponência de um doutor
mais parecia um candidato
cumprimentando o seu eleitor

É um elegante morador da cidade
cheio de vontades e atenção
não está acostumado com a calmaria
estou falando do Dom Ratão

Apareceu no Portal dos Sonhos e da Magia
procurando uma casinha para morar
mas fêz tantas exigências o tal ratinho
que as fadas puseram-se a gargalhar

Para se ter uma idéia da situação
Dom Ratão queria fazer uma leve boquinha
foi logo pedindo o tal queijo Roquefort
assustando a pobre da Dona Carochinha

Não que ela desconhecesse finas iguarias
ou não tivesse para oferecer o melhor
mas pedir com aquela pomposidade
convenhamos era petulância tenha dó

Mas seu falatório era muito interessante
deu para perceber logo a sua intenção
queria nos encantados causar boa figura
para negociar bem uma bela mansão

PARTE II - A EXPLICAÇÃO

Dom Ratão não conseguia entender
porque sua pretensão causava espanto
sentia-se como um rato qualificado
e só queria achar por alí o seu canto

Abateu-se sobre êle algumas dúvidas
não estava entendendo àquela situação
ouviu-se a voz do coelho Floquinho
que penalisado foi dando logo explicação

Mostrou a simplicidade reinante do lugar
exaltando a beleza dos campos e florestas
explicou que todos zelavam pela magia
sendo que cada um realizava sua tarefa

Ninguém se importava com riqueza
muito menos com posses ou sobrados
era fundamental que todos vivessem bem
não havendo quem fosse alí subestimado

Dom Ratão foi ficando logo assanhado
era exatamente isso que andava procurando
estava muito cansado de suas responsabilidades
queria umas férias para ficar relaxando

PARTE III - AMIZADE E UNIÃO

Também começou logo a entender
que suas atitudes não combinavam com o lugar
precisava acabar com aquela vaidade
se realmente queria amizade e por alí ficar

As fadas observavam a conversa rolando
quietinhas já sabendo do breve resultado
Floquinho feliz iria de guia turístico servir
divertindo-se com aquele ser inusitado

Repentinamente apareceu o Grilo Falante
com seu jeitinho elegante e bem peculiar
ofereceu-se para esclarecer as regras
que faziam do Portal um lugar exemplar

O sol calmamente já estava se recolhendo
restando muito ainda para conversar
Dona Carochinha ofereceu hospedagem
imaginando a refeição que iria agradar

A Formiguinha Poética atenta observava
procurando um jeito de começar sua prosa
com certeza escreveria ótimos versos
para tornar a noite ainda mais gostosa

SoninhaBB

SENDO FADA

Deixo-me levar pelos ventos,
descanso minha alma nas estrelas,
com a lua busco um alento,
dou asas ao que me norteia!

Espalho beleza pelo ar,
visito todos os jardins,
falo com todas as flores,
louvo a natureza assim!

SoninhaBB

SÓ PRA BRINCAR...

Minhas asinhas estão leves hoje...
Estou rodopiando muito e
brincando com minhas sombras.
Aliás, pensando bem,
quando se sonha,
é só pra isso que elas servem!

SoninhaBB

ERA UMA VEZ...

Era uma vez o País das Fadas.
Ninguém sabia direito onde ficava,
e muita gente (a maioria)

até duvidava que ficasse em algum lugar.
Mesmo quem não duvidava (e eram poucos)
também não tinha a menor idéia
de como fazer para chegar lá.
Mas, entre esses poucos,

corria a certeza que, se quisesse

mesmo chegar lá, você dava um jeito

e acabava chegando.
Só uma coisa era fundamental

(e dificílima): Acreditar.

≈ Caio Fernando Abreu ≈